domingo, 9 de dezembro de 2007

Resumo: InfoSenso - Keith Devlin

Sumário
Cap. 1 - O Sorriso escarninho (irônico) do gato de Cheshire
Cap. 4 - O ovo do dinossauro
Cap. 21 - A razão por que a perícia não pode ser ensinada – As regras não bastam

Texto 1
Cap. 1 - O Sorriso escarninho (irônico) do gato de Cheshire [1]


Keith Devlin [2]

O autor descreve um desastre aéreo ocorrido no aeroporto de Tenerife onde morreram 583 pessoas. A causa: deficiência nas comunicações. A seqüência da informação foi truncada. A falta de uma palavra provocou a tragédia.

Segundo ele, “na sociedade complexa em que hoje vivemos, pequenos e insignificantes fragmentos de informação podem por vezes assumir um valor enorme”, um desses ocorreu no acidente que vitimou tantas pessoas.

Para sobreviver na sociedade da informação é preciso compreender em que consiste a informação, como ela é gerada, é desenvolvida e utilizá-la com sensatez.

Não é fácil dizer em que consiste a informação. Não se percebe a complexidade porque alguns termos são utilizados sem reflexão e, em alguns casos, geram problemas na comunicação. A importância cresce à medida que os relacionamentos aumentam porque há a necessidade de comunicação (pessoa comunica com outra, e outra, e outra – o fluxo aumenta). A comunicação é um meio de fornecer a informação de uma pessoa para outra. Há várias formas (afirmação, nomeação, fornecimento de planos). Outra forma de transmissão de informação é a persuasão.

O texto diferencia dados, informação e conhecimento, utilizando para tanto de fórmulas:
Dados = tabelas, listas, arquivos – no papel.

  • Informação = dados + significado (Davenport e Prusak) – existe na sociedade, na mente coletiva.
  • Conhecimento = informação internalizada + capacidade de utilizar + expe­riências e valores (complexidade do ser humano, individual, imprevi­sibi­lidade).

Segundo o texto, a informação é mais fácil de obter e por isso fundamental. Por isso, aconselha que a investigação científica deve começar na informação para depois voltar-se ao conhecimento.
O capítulo termina dizendo que é preciso investigar o domínio mais humano do fluxo da informação para isso desenvolver ferramentas que façam esse estudo (como pensamos, comunicamos e tomamos decisões).

Comentário sobre o texto:

Concordo com o autor quando diz que é preciso compreender o que é a informação, sua origem, seu desenvolvimento e as formas de utilização. Nos papéis que desempenho de gestora e de educadora deparo-me com diversos ruídos oriundos que uma informação incompleta ou mal interpretada pode provocar.



Lembro-me de uma figura que para mim foi bastante significativa (fig. 1). A lacuna que falta em um canto e o que extrapola do outro simboliza a comunicação entre duas pessoas. Às vezes falta informação de um lado e há demais em outro que podem provocar falhas pela ausência ou pelo excesso.




Figura 1

Com relação a diferença entre dados, informação e conhecimento destaco a importância de agregar significado para que a transformação ocorra.

Para exemplificar, recentemente no processo de avaliação das turmas de pós-graduação que coordeno, solicitei às professoras que relatassem o desempenho dos alunos. Elas me apresentaram uma tabela com o nome e as notas das questões objetivas, da dissertativa e a soma das duas que era a nota final.

Pedi, então, que desmembrassem a nota das questões objetivas, na pontuação dos quatro módulos separados (eram 5 questões de cada módulo, valendo 0,3 cada). A diferença na colocação dos dados gerou a informação dos alunos nas etapas. Solicitei que elas passassem os resultados dessa forma: pontuação de cada módulo, da dissertativa, a soma e o comentário sobre o desempenho para cada um deles. Dessa forma os alunos poderiam avaliar os pontos que precisavam ser melhorados e buscar o desenvolvimento diante dos indicadores. Dessa maneira, a experiência gerou conhecimento de várias formas: na análise das informações pelos alunos e os devidos encaminhamentos, no uso de estratégias diferenciadas para suprir as necessidades dos alunos, na avaliação das professoras sobre como os módulos foram conduzidos. Acredito que esse relato ilustra a diferença entre dados (as notas tabuladas), as informações e o conhecimento gerado.


Texto 2:
Cap. 4
- O ovo do dinossauro

Ao fazer uma analogia com o ovo do dinossauro e a transmissão de informação genética para a geração de um bebê dinossauro, o autor coloca que a informação depende do contexto e não da representação.
Cita Barwise e Perry que colocam os ambientes como determinantes da interpretação de uma informação. Como o termo “ambiente” é muito abstrato, então, incluiu o termo “situação ou contexto” para poder considerar um ambiente específico. A partir daí a investigação se concentra na maneira como as situações dão origem a codificações ou decodificações da informação.

Segundo o texto, a teoria da situação é na verdade “a física da informação e comunicação”. Um objeto no mundo pode representar informação em virtude desse objeto se encontrar numa situação de um certo tipo.

À medida que se podem caracterizar as situações que são comuns, então, podem-se classificar os tipos de situação. Os seres humanos são reconhecedores de tipos. Nesse reconhecimento de tipos reside em grande parte da nossa capacidade para obter informação do nosso ambiente cotidiano. Os tipos podem ser naturais ou convencionais. Eles são fundamentais para a vida humana, uma vez que o reconhecimento serve de base (na experiência passada ou no conhecimento anterior) para adquirir informações e fazer inferências.

Comentário sobre o texto:

Esse texto colocou alguns exemplos de ações do cotidiano, tais como, usar chinelos em determinadas situações e obedecer a sinalização local para desenvolver o tema. No entanto, as situações do tratamento das informações são mais complexas e precisam ser pensadas num contexto menos simplista.

Concordo que o reconhecimento pode gerar um significado para o sujeito que necessita utilizar dessa informação, mas será que essa significação é a mais correta ou adequada para o seu uso? Experiências negativas poderiam deturpar a informação, atribuindo-lhe um significado e conseqüente reconhecimento diferente do que é proposto? O preconceito não é um reconhe­cimento?

Essas questões surgiram na elaboração desse comentário que acredito estar relacionado ao contexto de uma informação.


Texto 3:

Cap. 21 - A razão por que a perícia não pode ser ensinada – As regras não bastam

Segundo o texto, o perito reconhece certos tipos e reage de forma apropriada. Ele faz a distinção do número de tipos, a freqüência e o grau de diferenciação.

O perito determina a ação adequada para cada tipo. Ele identifica, categoriza e cria novos tipos, ou seja, percebe e gera uma nova combinação.

De acordo com o texto, os sistemas não podem ser peritos porque não sabem lidar com o imprevisto. É preciso ter a experiência e as regras não dão conta. Para um rendimento de um perito, nenhuma quantidade de informação pode substituir a necessidade da experiência e a ação do tempo.

O autor destaca que “estar ciente da natureza dos tipos e da maneira como as pessoas aprendem a reconhecer e utilizá-las constitui um bem importante para qualquer gestor”.

Comentário sobre o texto:

Realmente, concordo que a perícia não pode ser ensinada, se assim fosse, estaríamos repletos de sistemas inteligentes. Como explicar, então, os “insights” dos seres humanos? Muitos são considerados peritos por causa do uso da intuição para resolver problemas. Nesse caso, de onde vem o reconhecimento? Ele deixa de ser perito por isso?

O ser humano é falível, incompleto e em construção (Paulo Freire). Mesmo com o domínio da informação e a experiência através do tempo, o fator surpresa é um elemento desequilibrador. Arrisco a acrescentar que a subjetividade do momento da tomada de decisão, também pode interferir, mesmo que os tipos sejam claramente reconhecidos. Essas variáveis precisam ser estudadas mais a fundo.

[1] Info Senso
Info SensoComo transformar a informação em Conhecimento
Ed Livros do Brasil – Lisboa. Set. 2000. Data de acesso: 26/6/07


[2] Keith Devlin, matemático e pesquisador, é Reitor da Escola de Ciência do Saint Mary’s College da Califórnia e investigador no Centro para o Estudo da Linguagem e Informação da Universidade de Stanford. Participa na série Life by Numbers na PBS television. É autor de Logic and Information, Mathematics: The new golden age, Goodbye, Descartes e The language of mathematics: making the invisible visible.Desde 1983 tem escrito regularmente uma coluna sobre Matemática e computadores no jornal inglês The Guardian, e uma coluna mensal, Devlin’s Angle, no jornal web
MAA online.
Fonte: Site -
http://www.stanford.edu/~kdevlin/. Disponível em 9/7/07.

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